quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Círculo de Partilha

Há 25 anos que a Xamam Alba Maria (AM) se dedica ao xamanismo. Academicamente uma psicóloga, porém se sabendo uma mulher filha da Terra e dos dizeres da Mãe Natureza, renunciou aos caminhos da academia e seguiu os ensinamentos de seus Avós, os Quatro Elementos: a Terra, o Ar, o Fogo e a Água. Contempladora e devota da Irmã Lua e do Irmão Sol realiza ritos e jornadas nos Campos do Mundo: Chapada Diamantina, Peru, Índia, Alemanha, Itália, Islândia, Estônia e na Fundação Terra Mirim em Simões Filho, Bahia (Brasil), onde vive.

Pergunta: O que é o xamanismo Alba Maria?
AM: Xamanismo é uma ciência, uma ciência espiritual. Abrangente porque ultrapassa os campos de realidade convencionais e toca em campos ou em realidades paralelas e assertiva porque mergulha sem medos em realidades interiores buscando curar e cicatrizar núcleos feridos dos seres humanos.

Pergunta: O que é necessário pra se tornar um/a xamã?
AM:
Um sinal interior, um chamado ardente da alma. Uma identificação profunda com a Natureza. Diferente da ciência acadêmica, o/a xamã não faz o caminho, é o caminho que faz o/a xamã. Acrescente-se a isto tudo uma disponibilidade total para mergulhar em seus próprios infernos interiores e sair de lá vivo, isto é, ultrapassar a linha que existe entre a sanidade e a loucura e tocar a Unidade onde se localiza a real moradia da Deusa Mãe.

Pra conhecer um pouco mais, leia:
A Voz dos Quatro Elementos - Alba Maria – Ed Kalango
Xamã do Tibet – Master Maticintim - Ed Kalango
Mistério das Avós - Alba Maria - Ed Kalango

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Círculos de Partilha.

...à noitinha, no templo, construção primeira da comunidade Terra Mirim, Alba Maria realiza os Círculos de Partilha onde escuta orações e clamores de cada pessoa que por lá passa. Em seguida, a Xamam oferta seus ensinamentos. Publicamos aqui alguns trechos destes momentos.

Buscador: Eu estava pensando sobre o jogo de imitação onde buscamos reproduzir aquilo que deu certo no outro, v fala sobre isto, por favor: o outro, o espelho.
Alba:
Sim, posso falar. O outro é o código de você mesma decodificado. Ao me deparar com alguém diante de mim, com todas as suas emoções e atitudes, eu, na realidade estou vendo a mim mesma, duplicada, e este meu duplo se apresenta tão evidente que muitas vezes nem percebo que o que vejo sou eu mesma, materializada, confrontando e desafiando em mim a coragem de me revelar. Minhas emoções, meus valores, desejos e julgamentos se mostrando em um grande espelho. A célebre questão quem sou eu se revela, mas como em todo espelho a imagem se mostra invertida, e dessa forma caio no jogo ou na armadilha e não me alcanço, vejo um outro em meu lugar e o nomeio como tu ou ele/a me distanciando de mim mesma.

Buscador: Você quer dizer que tudo que vejo é eu mesma?
Alba:
Sim, quero dizer exatamente isto mesmo. Só podemos ver aquilo que existe dentro de nós. Veja, por exemplo, um texto, cada um lê o mesmo texto, no entanto as interpretações são completamente diferentes. E por quê? Porque cada um faz sua própria leitura de acordo com seus valores, suas crenças e interpretações pessoais. Nossos olhos estão fechados, estamos, na maioria das vezes, em um sono profundo, e à medida que vamos abrindo os olhos passamos a enxergar profundamente tudo que está ao nosso redor. Passamos em um caminho, encontramos com alguém e só conseguimos enxergar aquilo que já está revelado dentro de nós, aquilo que nossa consciência já nos mostrou. E nesses momentos a iluminação ocorre, diante desse outro que nomeio tu, ele/a, passo a perceber que o pronome correto é eu, sem separatividade, sem barreiras, esse outro com tudo que pude perceber dele/a, suas invejas, dores, alegrias e paixões sou eu mesma. É belo demais, e tudo isto sem gastar nada, gratuito, diante de mim, eu mesma.

Pra conhecer um pouco mais, leia:


A Voz dos Quatro Elementos - Alba Maria – Ed Kalango
Xamã do Tibet – Master Maticintim - Ed Kalango
Mistério das Avós - Alba Maria - Ed Kalango

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Círculo de Partilha na Estônia!

Vejam,


O Circulo da Partilha na Estonia realizado em 11 de agosto, foi publicado no site estoniano: http://www.bioneer.ee/ . O mundo está na porta das mudancas!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Círculo de Partilha

O xamanismo que Alba Maria traz ao mundo é aquele, que tem como suporte básico, os Quatro Elementos: Água, Terra, Fogo e Ar. Toda concepção de sua linha de trabalho é inspirada na Deusa Mãe, Mito Feminino, o originador de todo o Universo. Para cada elemento da natureza existe uma direção, que norteia a vida e o destino de cada um (a).

Buscador/a: Você pode, por favor, me explicar o significado da Direção Oeste?
Alba
: Sim. Esta direção é a expressão viva do feminino. Ela significa a escuridão, o vazio, a possibilidade de mergulhar em terras até então desconhecidas. É o portal onde, em se penetrando, pode-se perceber a fonte de toda a Existência, pois é de lá que todos/as nós viemos e é para lá que verdadeiramente retornaremos um dia. A Deusa que guarda este portal fala através do silencio e do eterno, pois Ela mesma fonte do invisível, traz marcada em si própria a história de cada átomo que nos povoa, conhecedora, portanto, do enigma do Universo e do que está além dele. A Terra é seu principal Elemento, sua cor é a negra e suas qualidades são mudança e transição.

Buscador/a: Como posso me conciliar mais com esta direção?
Alba:
Invoque à Grande Mãe as energias do perdão e da misericórdia e principalmente agradeça pela sua vida, pela vida das pessoas –incluindo aquelas que não lhe são queridas – e pela vida do Universo. Faça isto com a consciência daqueles/as que estão despertos e prontos para servir ao Universo.

Pra conhecer um pouco mais, leia:
A Voz dos Quatro Elementos - Alba Maria – Ed Kalango
Xamã do Tibet – Master Maticintim - Ed Kalango
Mistério das Avós - Alba Maria - Ed Kalango

Caminhos dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 9

Nono dia – Um maravilhoso desjejum nos aguardava com verduras frescas tiradas da horta, morangos frescos, pão caseiro, mel do local e chá do jardim de ervas. Em seguida fizemos uma profunda partilha, nos despedimos e seguimos rumo a Leesoja onde vive a decidida xamã Thule Lee. O local aguardava por nós, cheio de flores e perfumes de ervas. A xamã nos recebeu de braços abertos. Percebi que ter vindo aqui em anos anteriores, serviram pra que ela confiasse em mim e pudesse nos receber de forma tão amorosa. Vi também o excelente trabalho de Ylle, nossa estoniana que vive na comunidade de Terra Mirim, que cuidadosamente manteve vínculos de aprendizagem com Thule Lee. Uma verdadeira celebração! Estávamos em casa. Ficamos acomodadas todas juntas em uma espécie de mezanino de uma antiga casa que guardava os alimentos e acolhia os mortos da família. “Aqui ficavam nossas preciosidades: nosso alimento e nossos mortos”, me falou a xamã. Ylle foi explicar ao grupo os detalhes daquele espaço, a mesa que faríamos nossas refeições, os sanitários alternativos, a lagoa, o local onde realizaríamos nossa cabana da purificação, o tip e principalmente o local onde o estoniano nasce, vive e morre: a sauna construída de madeira local, esquentada com lenha da própria mata, limpa com água da fonte e perfumada com ervas do jardim. “Aqui resolvemos todos os nossos problemas”. À saída da sauna, um incrível ofurô. Tudo construído de forma original, sem adereços importados e por isto nos remetia a misteriosos espaços interiores. Preparamos-nos para nosso rito da sauna onde a xamã Alba Maria passaria ensinamentos para deslocamentos de padrões e abertura dos sentidos. O belo e poderoso rito se estendeu até a madrugada, intercalado por banhos no lago de águas geladas.
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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Caminhos dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 8


Oitavo dia – Acordamos cedo, fizemos nosso rito de despedida e partimos. Paramos para almoçar em um restaurante típico em Värska, e seguimos rumo a um local escondido entre os pântanos: Viruna. Lá ficaríamos por uma noite para vivenciarmos a canoagem dentro dos lagos pantanosos. Às 22:00h seguimos conduzidas em um trator, livrando-nos dos galhos que pendiam na pequena estrada, sentindo a noite e sendo tocadas pelo silêncio. Caminhamos até o pântano, pegamos as canoas e fomos flutuando pelas águas escuras de Nätsi-Võlla. Agora já estávamos um pouco mais treinadas no exercício de remar, era só usufruir, sentir a profundidade daquele silêncio, seguir o guia Mart e relaxar. No retorno, mais aventuras. Como a noite chegava, o céu estava encoberto de nuvens e só tínhamos frágeis raios de lua. Precisávamos aguçar nossos sentidos. E foi assim que algumas de nós atolaram no pântano, tropeçaram nas árvores caídas, tomaram chuva, choraram e se divertiram, vivendo aquela provocativa realidade paralela. Na volta, a força e a vida tomaram conta de nossos corpos e fomos nos deleitar na incrível sauna estoniana.
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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Caminhos dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 7





Sétimo dia – Saímos para uma caminhada de 6 km pelas sendas pantanosas. “Aqui nossos ancestrais sobreviveram aos ataques dos invasores. Aqui conseguimos resistir aos cristãos e aos russos. (...) Estas árvores, aparentemente pequenas, têm centenas de anos. Seus troncos são retorcidos para sobreviverem melhor, são muito fortes.”, Ylle e Tönu, o guia, nos explicavam. Percorremos a mata que circundava o local, onde o patrimônio imaterial do país nos era revelado, e o mais importante, podíamos fundamentar nosso imaginário povoado de fadas, gnomos, duendes e elfos. Próximo aos cogumelos nativos, víamos as indicações das casas daqueles seres. Lógico que a colheita e o posterior preparo e fritura dos cogumelos fez parte da jornada. Um êxtase envolvia cada uma das mulheres, e éramos levadas a tocar pontos interiores que nos ajudavam a modificar padrões e consequentemente a nos curar. Tomamos banho nos lagos frios e serenos de Mustjärv (Lagoa Preta) e de Valgejärv (Lagoa Branca), nos vimos nos espelhos das águas, cantamos pra os elementos e retornamos à casa, extasiadas, onde um farto jantar nos aguardava.

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terça-feira, 14 de julho de 2009

Caminhos dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 6

Sexto dia – A casa ficava no alto e víamos embaixo um imenso pantanal povoado de ciprestes, ervas, pequenas flores e musgo verde. Acendemos nossa fogueira fomos descansar. Cada uma construiu seu bastão da transformação e à noite fizemos uma bela vigília cheia de cantos, tambores e orações. Uma forte neblina tornava aquele local mais misterioso. Ela dançava , fazendo círculos, construindo e desfazendo formas como um grande sonho da mente. “A clareza e o frio do Pai Céu se encontra com o colo quente da Mãe Terra, e daí surge a neblina” nos dizia Tönu no dia seguinte. A lua surgia dourada no céu, pincelado pelas nuvens coloridas, através dos raios de sol unidos ao brilho dos raios lunares. E assim vivenciamos uma indizível realidade paralela.

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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Caminhos dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 5

Quinto dia – Hoje tínhamos no programa duas grandes aventuras: a canoagem pelas águas do rio Võhandu e a dormida na caverna Piusa onde a temperatura permanente é de 6 graus. Acordamos cedo, fizemos nossas práticas corporais, pegamos nosso ônibus e fomos até o rio para fazer a canoagem. Um vento frio e uma chuva teimosa se faziam presentes. De vez em quando traços do sol apareciam e nos deliciávamos com aquele calorzinho que chegava. Após as devidas explicações, escolhemos as duplas, pegamos nossas canoas e seguimos rio abaixo. A paisagem era estonteante. Como falar desta jornada por entre as vísceras da Estônia sem usar palavras tão efusivas? Impossível pra mim! Aqui o verde é verde mesmo, mas sem ofuscar. O chão é cheio de musgo macio, e quando se pisa tem-se a impressão de pisar na barriga da mãe, tudo é fofo, os morangos nativos abundam pelo caminho, os odores de cipreste mesclado a flores silvestres perfumam o ambiente com um odor particular do embriagante musk branco… A canoa seguia o rumo guiada por mim e por Ylle, a estoniana que vive em nossa comunidade de Terra Mirim e segue comigo o caminho do xamanismo da Deusa Mãe, e que organizou toda esta jornada. Depois de quase 3 horas de canoagem por um rio tranquilo, chegamos numa parte mais difícil, com pedras, árvores caídas e curvas que exigiam uma grande atenção. Foi exatamente em uma destas curvas com água que corria fortemente que eu vacilei: fiquei olhando patos que desafiavam a correnteza e me desequilibrei, fazendo com que a canoa virasse se enganchando em uma imensa árvore caída na água. Caímos as duas. Que momentos! Fiquei encharcada, tentando segurar os remos, me equilibrar e segurar a canoa, e Ylle tentava entender tudo aquilo e preocupada comigo, esquecia de segurar a canoa. Olhei pra ela e falei: segura a canoa e o remo! Aí começamos “a luta” pra puxar o barco cheio de água pra margem (que margem?), e ver o que poderíamos fazer. Foram instantes onde a sobrevivência falava alto e eu pensava nas palavras do dono das canoas: “cuidado com minhas canoas”, dizia ele sorrindo, momentos antes. Depois de muito esforço, conseguimos arrastar a canoa para um pedacinho de terra lamacenta, e tentamos tirar a água de dentro sem nenhuma vasilha nas mãos. Que loucura! A mente trabalhava ansiosa buscando soluções e em pleno trabalho de puxar o barco, tirar a água, segurar remos, Ylle lembrou de telefonar pra o dono das canoas e descobriu que o celular não havia molhado e que o dinheiro que havia levado para pagar nossa jornada no rio estava completamente seco! Uma celebração. Ela ligou naquele momento, mas o que ele nos disse “tentem sair porque eu não posso chegar aí, estou esperando vocês o mais próximo possível.” Olhei pra Ylle e falei: “só tem você e eu. Vamos tentar, temos que sair daqui.” Uma urgência em sair dali nos fazia dizer ou pensar coisas verdadeiramente delirantes, tipo: “Alba, você pegou o rumo" Eu pensava calada: mas que rumo? Não tem rumo, só água! Depois de algum tempo compreendi que ela queria dizer remo e dentro do caos, eu gargalhei. “Alba, vamos pegar o barco e virar pra tirar a água, depois tentamos colocar ele na cabeça”... coisas sem nenhuma lógica ou sentido. Depois de um tempo tentando tirar a água com as mãos, deu me a idéia de usar os remos. Conseguimos tirar bastante água, e depois naquele pedacinho de terra, conseguimos virar o barco pra tirar o restante da água. Completamente encharcadas e a chuva caindo, seguimos rio abaixo. Em uma das curvas do rio vimos o canoeiro nos acenando desesperado. Queria saber como foi, se queríamos parar, etc. Preferimos continuar descendo as águas ate o final do trajeto. Pouco tempo depois paramos junto ao grupo e contamos nossa aventura. Foi uma festa de risos e brincadeiras, todas nos ajudaram a trocar as roupas, nos emprestaram vestimentas que ainda restavam secas e seguimos até o final. Um piquenique delicioso nos aguardava. Que frio!!!
Seguimos em direção à caverna, às vísceras da Mãe. Fizemos um círculo de partilha antes de entrarmos no local. O medo tocava alguns corações, a mente incessante não parava de questionar: para que isto? Como saio da minha casa e venho dormir em um local tão desconfortável? Etc., etc. Perguntas que já estou acostumada a escutar e a responder. À entrada, uma pequena abertura onde exercitamos a humildade - precisamos nos abaixar, reverenciando o local. Entramos e o frio imperturbável nos acolheu. O silêncio só era quebrado pelos pingos de água de alguns espaços da caverna e pela nossa respiração. Dentro daquele visual quase surreal, com velas nos indicando onde ir, cada uma escolheu o local onde passar a noite. O chão era de areia mesclada ao quartzo, fria como as catacumbas. A mente da maioria trabalhava incessantemente - o ar que pode faltar, o cheiro dos cemitérios, fantasmas que podem aparecer... Nos acomodamos em espaços individuais e pra cada uma a experiência foi particular. “Vi luzes e seres durante a noite". “Não consegui dormir”. "Tive sonhos alucinantes”. "Parecia que tinha tomado alguma erva”. "Senti tanto frio que pensei que ia congelar”... Os depoimentos iam se fazendo na manhã seguinte, depois que Tönu, nosso guia veio buscar-nos. Para algumas foi o grande contato consigo, e lágrimas de imensa compaixão cobriu a face daquelas mulheres. Cantamos à entrada da caverna e seguimos nossa jornada. Agora rumo a onde passaríamos duas noites a fim de vivenciarmos mais intimamente um dos grandes pântanos da Estônia.

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domingo, 12 de julho de 2009

Caminhos dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 4



Quarto dia – Hoje fomos ver algo inimaginável pra maioria das pessoas: a cidade das formigas. Uma comovente floresta onde as formigas são respeitadas. O guardião do local, um senhor forte de quase oitenta anos e profundos olhos azuis, explicou-nos detalhadamente como vivem as formigas, seus hábitos e costumes. À entrada da floresta ele pediu licença a terra para que pudéssemos entrar. Fomos caminhando devagar e cuidadosamente. Um silêncio pacífico nos acompanhava, só quebrado pela voz do senhor Ain Erik ou quando alguma de nós perguntava algo. Vimos o maior formigueiro do local com incrível 1,90m. As formigas trabalhavam em uma festa de felicidade. De acordo com o senhor Ain “elas são muito organizadas, aquelas que se acasalam têm asas e depois do acasalamento perdem as asas e vão morar no local mais profundo do formigueiro, chegando a viver por 25 anos, enquanto as obreiras vivem entre 2 a 3 dias. Alimentam a rainha, as larvas e a si mesmas com néctar retirado de insetos que ficam nas folhas. Suas cidades são grandes, podem ter várias rainhas em um mesmo formigueiro, constroem estradas, rodovias e transitam por elas sem parar. “Nesta floresta” - explicou o guardião - “temos várias madeiras no chão, são as pontes e viadutos que fizemos para não pisarmos nas nossas irmãs. Elas, assim como os seres humanos, têm sistema digestório, sistema nervoso e sistema circulatório, onde até mesmo um coração existe. Elas sentem assim como nós sentimos, só que são bem mais antigas que nós, datam de 100 milhões de anos na face do planeta.” Seguíamos caminhando por aquela floresta observando também as casas das fadas, gnomos e anjos (eu não consegui ver duendes). Conversamos sobre magia, mitos e em seguida nos despedimos. Outra misteriosa floresta nos aguardava. Pisávamos no musgo macio, odores suaves nos acompanhavam e o silêncio era nosso guardião. Partilhamos o alimento e cada uma daquelas mulheres ia se revelando. Aquela altura era impossível esconder o medo da sobrevivência, o pânico diante do mistério, algumas vezes a falta de solidariedade de algumas, a dor da solidão. Eram mostradas sombras que precisavam ser transformadas e luz que precisava ser cuidada: o olhar cúmplice, o riso solto, a compaixão, a entrega e a imensa solidariedade da maioria. Na chegada da casa que nos hospedava um bom banho gelado no rio e uma boa sauna estoniana nos aguardava.
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sábado, 11 de julho de 2009

Caminhos dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 3





Terceiro dia – Despertamos, fizemos nossas praticas corporais, fomos ao mar, nos despedimos, nos deliciamos com o maravilhoso desjejum, desarmamos o acampamento e seguimos agora rumo a Kassioru (Vale do Gato). Claro que antes de chegar lá, nosso guia, o misterioso Tõnu (pronuncia Tannu) nos levou pra conhecer Valaste, a cachoeira mais alta da Estônia, local onde a historia do planeta está gravada nas diferentes camadas da terra que compõem esta cachoeira. Uma paisagem indescritível! Depois de presenciar tamanha beleza fomos até o Vale do Gato onde ficaríamos por dois dias . Chegamos no local, um paraíso as margens do rio Ahja onde nos acomodamos.

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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Caminho dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 2




Segundo dia – Acordamos cedo, fizemos nossas práticas corporais, e um desjejum maravilhoso nos aguardava. Em seguida fomos caminhar na floresta Kurtna, área das lagoas, reserva natural, um silêncio pacífico nos conduzia. Mergulhamos no lago gelado, onde flores semelhantes ao lótus fluíam cheias de vida. Em volta da fogueira partilhamos a experiência dos odores, onde nossa memória olfativa foi reativada. Um belo aprendizado! Voltamos a Liimala e à noite, antes do jantar, realizamos a surpreendente sauna sagrada estoniana. Quase toda casa estoniana tem sauna, o inverno aqui é tamanho que durante 3 meses do ano o país fica escuro durante todo o dia. O s ol não aparece e o frio toma conta de tudo. Para minimizar um pouco esses momentos, o povo da Estônia faz uso da sauna, espaço que naturalmente pertence ao cotidiano do país. Toda construída em madeira e seguindo a estrutura das antigas saunas, o acampamento onde estávamos nos ofereceu, através da sauna, viver momentos de rara beleza e doce intimidade. Foi realmente libertador aquele instante. A seguir, um sono profundo nos aguardava.

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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Caminho dos ancestrais na Estônia - Notícias - Dia 1




Eu não podia deixar de escrever sobre a linda viagem que estou fazendo com um grupo de mulheres buscadoras pelas terras da Estônia. Para vocês que não puderam vir, tentem fazer a viagem através das historias e do nosso cotidiano estoniano que a partir de hoje começo a contar. Muitos mitos envolvem este pequeno e amoroso país situado às margens do doce mar Báltico (isto é verdade mesmo, o mar da Estônia não tem o sabor salgado que conhecemos). Também conhecido pelos nativos e xamãs como Terra de Maria ou Terra Mãe, este país é preenchido por mitos que os xamãs locais contam com muito orgulho. “No princípio era o Pai Céu e o Pai Terra, eles se encontravam para o Grande Conselho e principalmente pra proteger a Mãe Terra, daí surgiu tudo…”

Primeiro dia – Visita ao museu de Rebala onde está situado o antigo cemitério do país. A história é contada relatando o convívio profundo do povo com a natureza. A caça , a pesca, o viver tribalmente faz parte daquele início dos tempos. Em seguida fomos aos túmulos antigos, construídos de forma circular, em pedras, com uma abertura no centro onde aqueles que morriam eram colocados para seguir seu destino. Nesse cemitério somente as pessoas da alta hierarquia eram enterradas. Fizemos a experiência de entrar nos túmulos e deitar um pouco lá dentro. Uma sensação de paz foi o depoimento de todas aquelas que tiveram a coragem de realizar a experiência. Em seguida visitamos um campo verde, onde as águas fizeram caminhos profundos revelando pedras enormes e abrindo canais por baixo das mesmas. Meditamos, cantamos e oramos. Tomamos nosso ônibus, onde Sr. Martin, o motorista local nos aguardava com um sorriso encantador e fomos para a Cachoeira Jägala, a maior cachoeira da Estônia em termos de quantidade de água; no verão, um convite para o banho, no inverno os fios da água congelam. Fizemos um delicioso piquenique e seguimos para nosso destino: Liimala, onde o mar nos aguardava. Armamos nossas tendas, fizemos nosso Circulo de Partilha, nossa fogueira, jantamos e fomos esperar o sol descansar para que pudéssemos dormir. Vã espera! O céu claro da Estônia continuou toda a noite, só descansando um pouco às 03:30h, despertando às 04:30h!

Aguarde mais notícias!

domingo, 31 de maio de 2009

Círculo de Partilha

A Xamam, em seus 25 anos de trabalhos contínuos ,aprendeu a arte de estar com sua guiança e segui-La. Em momentos preciosos senta e partilha o que lhe é revelado. Em um jorro ardente de inspiração, as respostas às inquietas questões que os buscadores lhe apresentam são respondidas de forma tranquila e profunda. Usufrua de alguns desses momentos...

Buscador/a: Eu preciso te escutar falar sobre o desapego.
Alba: Desapegar-se é poder perceber o vazio interior que é preenchido pelo divino. O fazer porque é o tempo do fazer, mas não buscar no ato a perpetuação dele mesmo. Permitir que as forças do Universo dirijam a vida e tudo que nele existe, ser o rio que flui para o oceano que tudo acolhe e tudo sabe. Práticas simples podem ajudar neste aprendizado. O ato de podar uma árvore, ou cozinhar um alimento podem ser práticas extremamente reveladoras. Você pratica o ato e permite que o objeto se libere de você mesma, que a árvore siga o fio dela mesma, que o alimento seja ingerido por todos. Que você dê à luz ao seu/ua filho/a e permita que ele/a se vá. Porque você não é dono/a dele/a, você foi o suave instrumento para que ele/a pudesse vir a este planeta, mas verdadeiramente ele/a é filho/a da Existência. Na Índia eu vejo as pessoas desenharem mandalas nas portas todas as manhãs, e durante o dia as pessoas pisam ali, o vento leva o desenho, mas não importa, no dia seguinte lá estão os/as devotos/as fazendo aquela maravilhosa composição novamente O estado do desapego envolve você se libertar do outro, do olhar do outro, da crítica do outro, quebrar o espelho e tocar em si próprio/a.

Buscador/a: Alba, eu sei que quero mudar, mas quando dou o primeiro passo me bate uma insegurança e eu retorno ao meu conhecido jogo. O que devo fazer?
Alba:
Essa é uma tomada de decisão muito séria. Mudar significa se conhecer, trilhar um caminho desconhecido, portanto sem nenhuma “segurança”. Eu nunca compreendi o que as pessoas chamam de segurança, porque a vida não nos oferece nenhuma segurança, Deus/a ou outro nome que se queira dar não assina embaixo do nosso cotidiano. Ele/a não nos diz:” olha, você vai viver com essa pessoa durante tantos anos, você vai viver até o dia tal, etc.etc.” Teu emprego não te dá segurança, pois o que é hoje, amanhã não é mais. Sendo assim, o que nos cega a ponto de estarmos sempre em busca de uma pseudo segurança? Será que é tão difícil para nós percebermos que estamos aqui, no planeta Terra como simples passageiros? Que por termos pernas e não raízes como árvores devemos sempre mudar, cambiar de valores, de espaços e de relacionamentos? Somos crianças brincando em um jardim de Deus/a e nos travestimos de adultos cheios de humores, mas sem nenhuma consistência espiritual. Confundimos tudo e podemos perceber isto em determinadas reuniões onde ser sério, sisudo, mal humorado é sinal de sensatez, de confiabilidade. Mas quem nos assegura que aquela seriedade, aquela sisudez não é sinal de doença, de uma prisão de ventre, de um sexo mal resolvido? Estacionamos na fase infantil emocional e espiritual, buscando um pai e uma mãe que nos assegure, que nos proteja dos perigos de assinarmos embaixo de nossos atos. Como crianças famintas em busca de super heróis, buscamos fenômenos, milagres, grandes acontecimentos sem termos a percepção de que o herói somos nós, a jornada é absolutamente de nossa inteira responsabilidade. Perdemos a capacidade de brincar, de rir e sonhar, porque estas virtudes ficam destinadas aos loucos e insensatos ou no máximo às crianças. Delegamos o ato de ousar, de gargalhar aos personagens que não levamos a sério. Isto é o que chamo insensatez, insegurança, porque Deus brinca, a vida brinca, a natureza gargalha e explode em festa e luz. Não existe segurança em nada, tudo é mutante, somos mutantes, somos seres em evidente e constante mutação. Imagine que somos energia materializada, nosso corpo é luz em alta densidade, somos átomos em constante e infinito movimento.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Jornada na Islândia - Dia 3









Terceiro dia – Despertamos cedo, fizemos o rito de gratidão e despedida e seguimos para nossa hospedagem. Hoje seria nosso último dia da Islândia e tínhamos uma jornada intensa a realizar. Enquanto dirigia, Telma nos contou a seguinte história, “O primeiro homem viking que aqui chegou veio em um barco trazendo algumas pessoas com ele. Eles vieram pra ficar nessas terras. Quando aportaram, quebraram o barco e jogaram as madeiras no mar. O homem falou que onde as madeiras fossem encontradas seria instalada o principal local, daquelas terras, seria ali onde eles permaneceriam e construiriam suas casas. Iniciaram a caminhada pra ver onde as madeiras haviam encalhado e encontraram, depois de muitos dias, as madeiras próximas a um local onde o vapor subia da terra em uma quantidade enorme, uma verdadeira e imensa bacia de vapores. E o homem falou: o nome dessa terra é Reykjavík, que significa bacia de vapores e aqui instalaremos nossas casas...” e assim começou tudo. Descemos no centro histórico e nos deparamos com muitas pessoas nas ruas, os aconchegantes cafés e restaurantes cheios de gente, sendo a maioria de jovens e um movimentado comércio local, apesar de ser domingo. Tudo efervescia. E por falar em efervescência dali seguimos para vivenciar o local onde literalmente a terra efervescia. Próximo dali, em Gunnuhver, nos deparamos com inúmeros gêiseres, verdadeiras bacias brotando na superfície da terra destilando um forte odor de entranhas mesclado a uma profusão de vapores a uma temperatura média de 500 graus que se espalhava pelo ar. O vento frio da superfície da terra esfriava o vapor e espalhava o perfume das entranhas da Mãe provocando nosso senso olfativo. “Nós, islandeses, amamos esse cheiro. Todo nosso sistema de aquecimento é retirado daqui, nossa água vem daqui...” Uma paisagem sem descrições, completamente desconhecida para nós que não éramos islandesas nos deixava extasiadas, sem mesmo saber o que fazer ou dizer daquilo tudo. Uma profunda reverência surgiu em nossas mentes e o corpo temeroso tornou-se mais atento.
Alguns momentos mais tarde seguimos para nossa última paisagem daquela jornada. Fomos para Bláa lónið ou Lagoa Azul. Seria nosso último campo de sonhos. Uma imensa lagoa azul, salgada, com uma temperatura média de 38 graus, onde não só podíamos contemplar, mas nos banhar naquelas águas ricas em algas azuladas, sais minerais e silício. E assim fomos nos despedindo da bela Islândia com o desejo de um dia retornar.











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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Jornada na Islândia - Dia 2

Segundo dia – Hoje tivemos um dia recheado de caminhadas e surpresas. Seguimos pra ver o esplendoroso local onde as gaivotas e andorinhas do mar faziam seus ninhos e cantavam estridentemente suas canções. Eram milhares de pássaros aconchegados nas cavidades das imensas falésias de Þúfubjarg. O profundo azul do mar dava a sensação de eternidade e a única coisa que podíamos fazer era deitar no musgo macio e contemplar lá embaixo a vida e sua infindável rede. Dali descemos para andar nas misteriosas pedras de Lónadrángar, onde tentaríamos acalmar nossa mente para permitir que os seres escondidos nos mostrassem nosso local de dormida. Iniciamos a preparação do rito dos sonhos, as canções e os pedidos de permissão para estar ali durante a noite. Diante das gigantes pedras “nosso templo, todo islandês vem aqui”, cantamos e oramos. A Xamam pedia por todas as pessoas do planeta e principalmente orava para o povo escondido, para os animais, vegetais e minerais. Era comovente ver tudo aquilo. O contraste entre a força da Mãe Terra e seus elementos e a fragilidade do ser humano. Depois que cada uma foi presenteada com seu espaço, desfrutamos de um delicioso piquenique e seguimos para Hellnar. Aqui fizemos o rito de passagem por um buraco que o mar construíra, encravado dentro das pedras. Na passagem sentimos a força do vento que vinha das entranhas da Mãe. Contemplamos a paisagem e seguimos para fazer uma caminhada maravilhosa através das terras conhecidas como Hellnahraun. Foram 2,5km de puro êxtase! De um lado a paisagem lunar se mostrava, com suas pedras vulcânicas e musgo verde prateado, tendo ao fundo o silencioso glacial com seus guardiões. Do outro lado, o oceano azul e as falésias artisticamente trabalhadas pelas divinas mãos do (a) Criador (a). Em profunda conexão, seguimos para Hof a fim de pegarmos os equipamentos para a dormida. Jantamos e retornamos para Lónadrángar. Eram quase 11hs da noite e o sol continuava a brilhar no céu azul. Realizamos nosso círculo de partilha, onde falamos sobre nossos sentimentos e nossas expectativas. A Xamam encorajou alguns que diziam estar com medo e nos recolhemos nos braços da Mãe Terra. O vento frio porém suave, cobriu nossos corpos. Os pássaros ainda cantavam e o glacial ao longe nos observava. No céu claro, as formas se mostravam em ondas de amor e luz e assim o silêncio nos acolheu. Para algumas, foi uma noite densa, cheia de pesadelos. Para outras, pura felicidade e revelações. Era o encontro do ser humano com seus mitos interiores.
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