domingo, 20 de março de 2011

Ritos, belezas e mitos

Na Fundação Terra Mirim (FTM) temos vivido momentos verdadeiramente enigmáticos, cheios de códigos a serem decifrados e muitas decisões a serem tomadas, inúmeros conceitos que devemos mudar e posturas novas que precisamos adotar. Minhas amigas/os e seguidores/as lhe digo que bate um medo de errar danado! Nos vemos diante desse ente imaterial (FTM) de  21 anos de vida, exigindo novos olhares. Como uma jovem que adquire a maioridade, esse ente se  expressa por querer sua própria independencia, por querer seu casamento com um jovem que possa lhe trazer novos frutos e uma real sustentabilidade.Para nós, gestores dessa jovem entidade, que nos consideramos mães e pais, não tem sido fácil. Vemos e aprendemos, exatamente como a própria vida que, assim como um ser humano, as entidades têm seus ciclos de vida e de morte.
Cada setênio de nossa entidade significou uma revolução. Entradas e saídas...no primeiro ano de vida, muitas mães e pais a tomarem conta desse bebê recém nascido. Aos sete anos, uma grande revoada de pais e mães, era a criança já caminhando, não mais necessitando de tantos a tomarem conta dela. Aos  14-15 anos, o início de exposição no mundo e agora aos 21 o desejo de se mostrar completamente, realização de novas parcerias, novos casamentos. E eu e todas/os aqueles/as que permaneceram cuidando dessa jovem , olhando admirados sem saber muito o que fazer.
Digo a voces que não sabia que as instituições fortalecem e expressam os ciclos da vida.Mas estamos vivendo isto e ninguém  pode negar, nenhuma teoria pode nos contradizer ou nos expressar, pois somos a prática de uma existencia, somos xamãs.
Por não saber o  que fazer, pedimos ajuda a Deusa Mãe em nosso rito do dia 18 passado. Durante o dia, muita chuva, a água expressava suas bênçãos, tomamos e celebramos o banho de chuva. À noite, acendemos a fogueira e o céu mostrou suas estrelas.A lua,surgiu cercada por uma grande luz, mais parecendo um arco íris e entre a Deusa lunar e o arco, um oceano de amor, como falou uma das mulheres que estava no rito.Quanta beleza!
De madrugada ainda, levantamos e fomos em cada templo orar por nossa instituição e por nossa comunidade. Que a Deusa tenha compaixão e nos cubra de bênçãos era nosso pedido e nosso clamor. E assim o dia amanheceu em paz e nossos corações em confiança pelo que virá.

Plantando o milho

Deixamos que a lua parisse para só no dia seguinte ir visitá-la na Mãe Terra. Levamos de presente muitas sementes de milho , adubo curtido, cheiroso e nossa alegria. E começamos a plantar. O masculino fazia os berços e nós cuidávamos da plantação.Algumas cantavam, outras conversavam, naquele exercício feminino onde a conversa brota cheia de vida e de doçura. Falávamos de nós, resolvíamos nossas próprias questões e era uma só alegria, um só dizer. Terminamos plantando uma grande quadra de milho do bom, sem produtos químicos, limpinho e feliz. Pois não é que quando finalizamos a nossa oração de gratidão, a chuva caiu cheia de felicidade? Pois é,abençoou tudo e o campo sorriu com seus seres encantados.