Aqui, nessa ilha próxima a Groenlândia, banhada pelo Oceano Atlântico, os golfinhos e focas nadam até próximo as margens do mar deixando-nos entrever um espetáculo de rara beleza: o amor e os seus cânticos. Como se o tempo parasse, o mar silencioso reverencia os sons daqueles seres. A paisagem desse lugar é “escandalosamente bela” como disse uma das mulheres que estava no grupo. As imensas montanhas, o céu azul brilhante, o silêncio, as pedras vulcânicas, os mitos da existência dos ogros, duendes, fadas, gnomos e elfos são tão presentes e reais, que o governo local quando quer abrir uma estrada consulta uma senhora que fala com os seres “escondidos” para saber se eles (os seres) concordam que aquela estrada por ali seja construída.
Primeiro dia – Ainda era madrugada quando chegamos ao aeroporto de Keflavik em Reykjavík, capital da Islândia. Acertamos os relógios e seguimos estrada afora rumo a Hof.Fomos conduzidas por uma mulher islandesa que era também nossa guia, Telma. A madrugada silenciosa e bela nos mostrava um incrível campo de sonhos. O céu pincelado pelo Artista maior nos encantava com um espetáculo de nuvens e cores. O cansaço da viagem fazia a maioria cochilar, mas ainda assim em alguns momentos conseguíamos visualizar toda aquela beleza. Um espanto para a maioria de nós, era a ausência das árvores, o verde era mostrado por uma espécie de musgo que cobria as pedras vulcânicas e por algumas pequenas árvores que haviam sido plantadas. Chegamos à casa que nos acolherá nos próximos dias, à beira mar. Após algumas horas de sono, Telma inicia a falar sobre as realidades paralelas que povoam a linda Islândia. “Aquela montanha glacial é onde vive o personagem mítico Bárður Snæfell (pronuncia Bardurr Esneifelk), metade gigante, metade humano. Conta-se que durante muito tempo ele viveu sozinho por estas terras. Mas em determinado momento, encontrou uma mulher, se apaixonou e casou-se com ela. Desta união nasceram duas filhas. Uma delas chamava-se Helga Bárðardóttiv. Certo dia ela estava brincando com dois primos quando eles viram uma placa de gelo vinda do mar, e incentivaram Helga a subir na placa. Ela subiu e o mar a levou para as profundezas dele mesmo. Nunca mais Helga foi vista. Quando Bárður soube disto enlouqueceu de dor e com muita ira pegou os dois sobrinhos e os jogou longe. Um deles foi de encontro a uma grande montanha que se abriu em duas unida por uma profunda fenda onde vivem atualmente milhares de pássaros e toda a terra ao redor tornou-se vermelha. O outro bateu de encontro a uma outra montanha, no mar, abrindo um grande buraco entre as pedras. Bárður, depois do que fez, arrependeu-se fortemente e foi ao cunhado. Pediu desculpas, entregou-lhe todas as terras que possuía e retirou-se para o glacial mais reverenciado da Islândia - Snæfellsjökull - tornando-se seu guardião.” Após essa instigante narrativa seguimos para Dritvik onde o mar de Djúpalóns sandur explodia em beleza. A paisagem se ofertava sem pudores. O mar chegava até as margens fazendo as minúsculas e inúmeras pedras negras brilharem cheias de esplendor. Ele também modelava com mãos e pincéis de artista as imensas pedras negras que se erguiam majestosas dentro do infinito oceano. O impacto da paisagem nos deixava quase sem respiração. Fizemos um rito para nossos irmãos, os peixes, cantamos canções, oramos e continuamos a jornada para meditar na bela lagoa que ficava próxima ao mar. Um conjunto enorme de pedras cobertas de musgo oferecia uma paisagem lunar, e lá ao fundo, uma límpida lagoa escura. O que dizer de tudo isto? Somente reverenciar e silenciar. Ali fizemos nosso piquenique e seguimos para o banho nas águas mornas de Ōlkeldu-lind. Depois de tanta beleza, fizemos um círculo de partilha, jantamos e a maioria se recolheu para dormir.
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Oi Mãe, fiquei tão feliz com as fotos, tudo tão lindo e natural, um sonho de terras geladas.Todos nós mandamos beijos, muito feliz por te ver..., mesmo q por fotos.
ResponderExcluirCom amor, K.J.