sexta-feira, 30 de março de 2012

Nordeste, nordestina

Viajando até o Piauí e vendo as paisagens nordestinas, o sangue correndo pulsando em minhas veias me lembrava minha origem alagoana. O xique xique, mandacaru, umburana, angico,umbu cajá mostravam sua força e beleza. E eu sentia e via que para ali estar plantado precisava ter fé e muita coragem. Enfrentar o calor escaldante, ver os rios secarem, ver a água passar lá encima no céu nublado, mas não cair. Só sendo simples no trato e poeta que vê a beleza em cada recanto da Mãe Terra, no solo temperado do barro vermelho. Caminhamos, eu e meu companheiro, nos recantos de Juazeiro, Petrolina, Remanso, S. Raimundo Nonato, Oeiras até chegar a Teresina. Por entre estas paragens fomos encontrando pessoas lindas, com um sorriso no rosto e um gosto de bom dia na face. E dentre essas pessoas, conhecemos um homem, Sr. Abel, que produz cajuina, uma deliciosa bebida local, que as grandes empresas ainda não usurparam. E ele começou a contar um pouco de sua história, do nome da cajuina Zé do Cícero," …nome de meu pai, foi ele que plantou todos esses cajus por aqui, o povo dizia que ela era doido, que ali não dava caju. Eu fiquei com ele, todos meus irmãos foram embora e depois eu aprendi a fazer essa bebida e hoje criei meus filhos tudo com esse ganho. Meus filhos estão tudo na universidade. Sinto pelo meu pai não ter visto nada disso, ele que começou tudo, aí botei o nome em homenagem a ele." Nesse momento uma pausa, o olho vermelho, e aí me dei conta que eu estava chorando e ele também. Era uma alegria que brotava de dentro de mim, ver um nordestino com sua terrinha, sendo livre, podendo viver daquilo que plantava, sem dever nada a ninguém. Olhei pra terra que mesmo seca cuidava dos filhos por ela abençoados e pude sentir paz e gratidão. "Vamo lá em casa gente, tomar cajuina" ele e a mulher nos convidaram. E  seguimos com eles pra sentar na porta e refrescar o corpo com a saborosa bebida.Doces memórias me chegavam naquele momento de meu pai, quando vivo, agricultor e de minha mãe, viva ainda, cuidadora da casa e dos filhos.

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